terça-feira, 6 de março de 2012



O nome daquilo era medo. Aquele mesmo que sentiu quando caiu do balanço no parquinho pela primeira vez quando ainda criança. Todo domingo de sol acordava ansioso para ir ao parque, encontrar os amigos, alçar vôos cada vez maiores no seu balanço preferido. Cada nova vez no brinquedo queria extrapolar todos os limites e ir cada vez mais alto. Até que um dia ele caiu do balanço. Até que num lindo e ensolarado domingo no parque, as mãos ficaram frágeis demais e ele caiu do balanço. E a partir desse trágico dia, tudo em sua vida girava em torno de um letreiro luminoso gigantesco que piscava intermitentemente: “E SE…”.
Era tanta dúvida, tantas vírgulas, reticências e interrogações que era impedido de dar dois passos adiante sem que ficasse estagnado dois passos atrás. E se der errado, e se acontecer de novo, e se doer, se ferir, se machucar, e se for em vão e se não for. Eram muitos “se”, eram muitas possibilidades ou impossibilidades numa frase só. Era uma gramática inteira de pontuações empregadas da maneira errada num romance que mais parecia um conto breve. A gente acorda, dá um beijo no namorado (a), toma banho, faz o café, trabalha, dança, volta pra casa, faz a janta, beija o namorado, assistem TV até pegarem no sono, dorme e no outro dia começa tudo outra vez. Mas a verdade é que ninguém sabe como vai ser o dia de amanhã. De forma que, o único “se” perdoável é aquele que te permite viver intensamente o agora, o hoje. E se não houver o dia de amanhã?
Nunca mais subiu num balanço na vida. A adrenalina gerada pela simples entrada no parque era tão grande, que só a aproximação do brinquedo o fazia relembrar da queda. E se afastava. Sabia que podia ser seguro novamente, mas o temor da possibilidade criava uma barreira enorme entre o menino e o balanço. Perdeu risos, o ar puro de quando chegava ao ápice de seu vôo, perdeu os cabelos soltos ao vento, o sol iluminando a face quando chegava ao ponto mais baixo da trajetória, perdeu requintes de felicidade que não voltariam mais.
A verdade é que tem certas coisas na vida que a gente só descobre o rumo delas, entrando no caminho, ou seja, tentando. A gente deixa de tomar atitudes, transfere comportamentos, arruma desculpas pra problemas que seriam facilmente resolvidos com uma palavra que abre portas: “sim”. Sim, eu me permito tentar. A possibilidade de cair do balanço sempre existe, mas não me parece justo desistir de um desejo, de um sonho, por puro medo. Tirar o pé do chão às vezes dá um certo receio, uma insegurança acerca do tamanho da queda se o pé não repisar na hora certa. Mas até pra andar e ir adiante, a gente precisa sair um pouco do chão seguro. É preciso coragem. Cair não fere ninguém. Pode doer, deixar um ou dois arranhões, mas com o tempo isso passa, o que fere de verdade é a cicatriz que não te deixa esquecer do que passou.

Já dizia uma sábia amiga minha: O “não” você já tem, busca o “sim”. Porque a gente não precisa que todos os passeios no balanço da vida dêem certo, a gente precisa que funcione só uma vez, uma “vezinha” só, e já vai ser válido, já vai ser eterno. Todo dia é dia de recomeçar, de dar uma chance ao sim. SE vai dar errado, não dá pra prever. Porque se der errado você pode amaldiçoar o mundo inteiro, mais vai dormir com a cabeça tranquila no travesseiro que você fez o que estava ao seu alcance fazer. Em compensação, se funcionar, o universo garante nada menos do que a felicidade, cabelos soltos novamente ao vento e uma infinidade de pontuações gramaticais que não refletem em nada o peso de uma vírgula ou uma reticência.
O menino temia o balanço. Ficava ali sentado perante seu brinquedo favorito sem conseguir brincar. Enquanto todos a sua volta enfrentavam seus medos e receios, enquanto todos se divertiam no ali e no agora, sem pensar no amanhã, ele só conseguia observar, lamentar e calar. Sozinho.
Um dia ele vai envelhecer, assim como todos nós, e tudo que vai restar a ele são os “se”, os mesmos de quando era jovem. A diferença é que quando a maturidade ensinar a ele que tempo não se compra, não se vende, mas sim se divide, o parque, os sorrisos, o vento no rosto, o balanço, o tão almejado balanço pode não existir mais. Uma oportunidade perdida, é um segundo que poderia ter feito a diferença pro resto da sua vida. “E se” esse minuto voltar, não vai ter a mesma força, o mesmo ímpeto, o mesmo querer. Por isso antes de desistir da brincadeira, de abandonar o balanço, o parque, as flores…não se perca. Não perca o minuto, não perca o balanço.
E se só dessa vez, for diferente?


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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Para viver um grande amor



Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.
Vinícius de Moraes




O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."


Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.


O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.


Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.


Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"


Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!


Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.


O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.


Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!


Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
Clarice Lispector

A Idade de Ser Feliz



Existe somente uma idade para a gente ser feliz, 
somente uma época na vida de cada pessoa 
em que é possível sonhar e fazer planos 
e ter energia bastante para realizá-las 
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos. 

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente 
e desfrutar tudo com toda intensidade 
sem medo, nem culpa de sentir prazer. 

Fase dourada em que a gente pode criar 
e recriar a vida, 
a nossa própria imagem e semelhança 
e vestir-se com todas as cores 
e experimentar todos os sabores 
e entregar-se a todos os amores 
sem preconceito nem pudor. 

Tempo de entusiasmo e coragem 
em que todo o desafio é mais um convite à luta 
que a gente enfrenta com toda disposição 
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, 
e quantas vezes for preciso. 

Essa idade tão fugaz na vida da gente 
chama-se PRESENTE 
e tem a duração do instante que passa.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012



Ainda existem tantas manhãs para serem iniciadas ao teu lado. Tantos risos para compartilhar contigo. Tantos cafés da manhã para prepararmos juntos. Tantas brincadeiras, tantas carícias, tantos beijos e sussurros...

Ainda há tanto de você para crescer em mim... pois o que há aqui dentro, que diz respeito à você, sempre será intenso o bastante, e crescerá o suficiente para se tornar ainda mais...imensurável.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Erros.

Somos todos seres humanos. Somos todos imperfeitos. Nós erramos e erramos muito. Erramos ao brigar com nossos pais, ao sermos egoístas, ao gritar com um amigo por besteira, ao não respeitar os idosos... Enfim, oportunidades para errar é o que não falta ao ser humano. Erra gera conseqüências ruins: podemos perder oportunidades e pessoas que gostamos por uma besteira impensada. Por isso, meu leitor, quando errar com alguém, admita, se desculpe e aprenda com isso. Ter coragem de admitir que estava errado e se desculpar pode te ajudar a conseguir algo de volta. 
É preciso aprender com cada experiência que temos na vida, aprender o que é o certo a se fazer e o que não se deve repetir.
Não precisamos ter medo de viver, medo de errar... Algumas coisas são inevitáveis. Ontem cometi dois erros por distração. A partir de hoje vou provar que eu não sou esse tipo de pessoas.

Tédio.



Eu sinto falta de mim mesma.
Eu sinto falta da minha expressividade, da minha vontade e da minha sede por conseguir fazer meus planos darem certo.
Sinto falta das confusões que eu mesma causava, da emoção que a vida tinha.
Sinto falta da dor que me motivava a mudar e de me sentir exageradamente feliz por coisas bobas.
Sinto falta do meu senso de humor, da minha irresponsabilidade.
Sinto falta da minha aprência, do meu peso, das minhas roupas.
Sinto falta de alguns amigos, de me preocupar só com dever de casa e com a bagunça do fim de semana.
Sinto falta de tudo isso porque me sinto velha e chata.
Sou pouco expressiva, choro pouco, não escrevo mais.
Sou extremamente responsável, penso nas minhas atitudes mesmo não estando sóbria.
Não me sinto triste de mais nem feliz de mais.
Não sou uma pessoa sorridente, nem engraçada.
Engordei, minha cara engordou e não tenho mais estilo.
Tenho poucos amigos que eu realmente quero por perto.
Acho que me deixei cair num grande tédio e não sei como sair dele.
E meu tempo continua saindo.


Queridos leitores, todo o conteúdo que vocês irão conferir abaixo é em resposta ao desafio enviado pela queridíssima bloggeira, Amanda Menezes, do blog A menina dos olhos de melObrigadaaa pela super indicação, Amanda!



Descrição

Nome: Tarsyla Rayanne Gomes Florêncio.
Idade: 18 anos .
Aniversário: 24/08.
Estado Civil: Noiva
Onde vive (casa ou apartamento): Casa.
Irmãos: três.
Animais: Uma cachorro Lindo (Toff Matheus).
Fuma: Não mesmo!
Bebe: Não!

- Aparência -
Piercings: Não.
Tatuagens: Não.
Aparelho nos dentes: Não.
Roupas: Calças jeans, camiseta, salto alto.
Cor dos olhos: castanho escuro.
Cor do Cabelo: Preto.

- Favoritos -
Cor: Branco/Azul/Preto.
Número: 33.
Animal: Cachorro.
Flor: Orquídea.
Comida: Massas.
Sabor de Sorvete: O bom e tradicional Chocolate.
Doce: Brigadeiro.
Bebida Alcoólica: Nenhuma.
Banda/artista: Aviões do Forró / Garota Safada
Música: Por enquanto - Cássia Eller
Livro: A Cabana
Filme: Um Sonho possível.
Programa de TV: Domingão do Faustão.
Melhor amigo: Jesus.
Dia da Semana: Sexta.
Esporte: Basquete.

- Vida Amorosa - 
Nome da Pessoa Amada: V. F. S. F.
Estão juntos há quanto tempo: 9 meses.
E de casados, há quanto tempo: -
Local em que se conheceram: Pátio de Eventos
Foi amor à primeira vista? Não exatamente
Quem deu o primeiro passo? Ele.
A coisa mais doce que ela te deu? O seu coração.
Um sonho de vocês dois? - Construir nossa vida juntos.
Uma curiosidade do casal? -
Quem tem mais ciúme? Eleee... kkkk, eu tbm, eu tbm. :P
Ele
 se dá bem com a sua família? Sim.
E você com a dele? Sim.

- Outros - 
Sabe dirigir? Estou aprendendo.
Tem carro/ moto? Não.
Fala outra língua? Espanhol / Básico.
Coleciona algo? Não.
Fala sozinha? Às vezes sim.
Se arrepende de alguma coisa? Sempre pensamos que não deveríamos ter errado em algo, mas, é através desse erro que você pode acertar mais hoje.
Religião: Religião é uma coisa que o homem criou, e que com o tempo comoçou a ser tratada com tanta prioridade que acabou o cegando. Sou cristã e minha 'religião' é Deus.
Confia nas pessoas facilmente? De forma alguma.
Perdoa facilmente: Depende da gravidade.
Se dá bem com os teus pais? Super bem.
Desejo antes de morrer: Conhecer muitos lugares.
Maior medo: Escuro. Mas estou superando aos poucos.
Maior fraqueza: O meu eu.
Toca algum instrumento? Não.

- Alguma vez... -
Escreveu alguma poesia? Sim.
Cantou em público? Sim.
Fez alguma performance em palco? Sim.
Andou de Patins? Sim
Teve alguma experiência que quase morreu? Sim.
Sorriu sem razão? Sim. Exercício muito prazeroso.
Riu tanto que chorou? Muuuito.
Como você está se sentindo hoje? Saudosista. Precisando muito do abraço dele. E isso acontece há um bom tempo... Coisa de uns 9 meses.
O que te faz feliz? O amor de Deus, a saúde e o bem estar das pessoas que amo... E o amor que ele me entrega todos os dias através de seus gestos mais simples, como o seu sorriso, por exemplo.
Com que roupa está agora? Vestido.
Cabelo? Solto
Brincos? Extravagantes.
Algo que você faça muito? Erro com uma frequência absurda, analiso esses erros e busco melhorar. Essas são, sem sombra de dúvidas, as coisas que eu mais faço na minha vida.
Conhece alguém que faça aniversário no mesmo dia que você? Sim. 2 pessoas.
Está confortável com o teu peso? Sim, sem reclamações. Maaas, por pouco tempo eu acho. kkkk

- Acabe a frase - 
Gostaria de ser... o melhor para todas as pessoas. Só que isso nem sempre acontece.
Eu desejo... estar ao lado dele sempre.
Muitas pessoas não sabem... mas felicidade é algo fácil de conseguir.
Eu sou... uma pessoa que pode não te conhecer, pode não saber o seu nome, mas que deseja a sua felicidade e a sua prosperidade.
O meu coração é... um misto te intensidade e uma explosão contínua de sentimentos. Depois é calmaria... depois é intensidade de novo. É amor e é carinho também.



Repassar para cinco bloggeiros:

Larissa - Minha Neologia 
Jeniffer - Meu outro lado
Nina - In Home
RebecaWords for you, truths for me
Daniela - Daniela Filipini
picture by Renally


Que tal sentar-se e balançar-se um pouco em sua mente. Sentir o que você não sente há um bom tempo. Uma auto-análise profundo de como tem sido seus dias até então.

Segure suavemente as correntes e deixe que seu corpo se mova para trás na medida em que o balanço ganha velocidade. Sinta o vento passando por entre os fios de seus cabelos, feche seus olhos e comece a conversar consigo mesma. Você percebe que as batidas de seu coração estão mais lentas? Consegue sentir seu rosto se moldando e tomando forma de um sorriso estalado de ponta a ponta? 

Parece que agora sua alma está leve o bastante para que eu possa lhe dizer algumas coisas...

Muitas vezes o cotidiano faz com que você perca seus valores, se esqueça de seus princípios. Faz com que você se esqueça de si mesma. Com isso, a criança que existe dentro de você vai pertendo espaço aos poucos...  Ela estende seus pequeninos braços, na esperança de ainda receber um retorno de sua parte, porém é em vão. Sofre com a partida, sofre pois não sabe se terá novamente o outro pedaço que a completava. As lágrimas brotam de seu rosto, na tentativa de lançar fora qualquer sentimento contrário a felicidade. Porém, sentimentos assim não se desvanecem em lágrimas... Pois seria necessário um mar inteiro para afogar tamanha mágoa.

Sua vida atarefada te leva para um lado e para o outro. E quando menos percebe, a frieza já invadiu cada milímetro do seu coração, e lá se vão seus sentimentos, a sua delicadeza com as pessoas, o seu olhar singelo, seu sorriso sincero... A criança que existe dentro de você ainda insiste em ter-te de volta. Agarra forte as grades que a aprisionam. Chora, caminha inquieta de um lado para o outro, grita seu nome, acena desesperadamente para que a perceba. Mas é ignorada por mais uma vez...

Até que um dia você se depara com os problemas que um adulto enfrenta, e percebe que nunca estará preparada para enfrentá-los sozinho. Acaba não suportando, pois o seu lado criança está distante demais para lhe dizer que você deve sorrir, mesmo quando as situações te remetem as lágrimas... Nesse momento você também chora, e seu orgulho se desmancha em meio as lágrimas que correm pelo seu rosto.

As grades que aprisionavam a sua criança interior começam a se enfraquecer... Então com um sorriso, ela abre a fechadura aos poucos, para eternizar aquele momento... O momento em que ela reconquistara um espaço que sempre foi dela por direito.

                                          Agora sim, você está completa novamente!

picture by Fernando Leão

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Morar no seu abraço



"Acho que, se esse ainda não é o caminho certo, pelo menos, é o mais bonito por enquanto...E o que me deixa mais inteira, a cada passo.E fico pensando enquanto avanço: eu amo construir a mesma estrada com você. Eu amo morar no teu abraço."

Flores do Inverno.


Hoje, eu consigo olhar pro meu passado como uma espectadora. E apontar cada detalhe e cada erro e acerto e cada instante e sensação e fuga. As projeções que fiz, as dependências que criei, as compulsões que tive, hoje são um presente de maturidade e otimismo. Porque comecei a atrair pessoas, histórias e assuntos mais leves, saudáveis. E criei pra mim uma rotina de paz, e deixei de admirar muita gente e a apreciar outras.E vivimuita solidão, muita solitude, muito aconchego também.
Hoje sou tão grata por tudo que doeu, por tudo que sangrou, pelo sono perdido. Retomei o controle da minha vida e estou sendo amada de uma maneira que me deixamais segura. Perdi meus medos, sobrou apenas a minha fobia de escuro. E, por menos que eu tenha escrito, a poesia sempre esteve em mim."


Simplesmente não sabe...

Ele não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos. Ele não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas. Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritosEle não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria."

Por Marla de Queiroz


Eu sei que não foi você que desarrumou minha vida e fez essa bagunça toda que tive que arrumargradualmente enquanto cuspia minha raiva, minha dor, mas, por favor, para entrar aqui agora é preciso pés descalços nenhuma armadura. É por eu não ter deixado de confiar nas pessoas que tepeço isso. Não existe tristeza em mais nenhum canto desta casa, tudo foi limpo e adornado com amor, saiba receber esta dádiva. Não quero saber agora o que você traz do seu passado enquanto a água do chá ferve, e também não me pergunte o que me aconteceu para que eu esteja assim, tãodireta. É possível que eu te convide pra dormir aqui esta noite ou te mande embora às três da manhã, espero que não se aborreça ou crie expectativas enquanto ponho a erva doce na água quente. Eu nãotenho açúcarempedrou desde que. Enfim, você quer com ou sem adoçante? Não me prometanada, eu vivo um dia de cada vez, só tenho memória recente. Sobre ontem, pouco lembro, sei que fui dormir e antes conferi se todas as portas estavam trancadas e se eu estava feliz. Também sei que ainda era cedo, e que fazia muito frio. Mas, sim, eu estava feliz.
Vou deixar apenas a luz do abajur acesa, e o seu cd de jazz tocando bem baixinho pra que eu escute como foi seu dia e o que você gosta de ler. Não é que eu não goste de me expor, mas a semana passadajá faz muito tempo pra mim. Mas se te interessa saber, meu coração está desocupado e eu gosto quando você me abraça forte. Talvez isto seja o suficiente para que você chegue mais perto de mim e conviva sem se incomodar com o silêncio que eu carrego nos olhos. O que me atraiu em você foi a sua beleza física com esta sensibilidade e inteligência juntas.Mas aprendi a descartar até essas qualidades em um homem se não houver essa nudez de alma. Os inteligentes podem ser muito espertos e cruéis. Os bonitos podem ser uns tolos. E os sensíveis, muito dramáticos. Eu não estou endurecida, sóaprendi a observar com certa malícia, preservo minha inocência, mas me arrancaram a ingenuidade à força, disso eu lembro. Não me fizeram mal algum, nada que não houvesse a permissividade da minha carência. A responsabilidade também foi minha. Você está confortável nesta posição? Aprendi a me enroscar num outro corpo como se eu fosse uma extensão dele. Eu gosto de meaninhar no afeto, nasci para ser acariciada antes, durante e depois do sexo. Mas hoje talvez eu queira que você vá pro seu apartamento_ me deu vontade de escrever alguma coisa sobre a sua voz, antes que ela fique no passado.
Se quiser esquecer seu cd, talvez eu te convide pra jantar amanhã. E te leia alguma coisa mais doceque aquele açúcar empedrado. É que eu ainda não esqueci como se escreve o começo de um romance. Só aprendi que o interesse do leitor vai depender da minha primeira frase.
Então eu prefiro que você volte amanhã. É que eu preciso sentir saudade antes de me apaixonar. "

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Proteger-lhe!

Só quero proteger-lhe de mim. No momento em que me encontro, (sendo não dos melhores) talvez venha a não dar 'valor' (se é que posso usar esse termo) aos seus sentimentos. 
Sabes o quanto me importo contigo, como costumo lhe demonstrar, não só me preocupo com seu físico, mais o seu estado de Espirito também me importa, e muito. 
Por seres meu melhor amigo, me importo com sua felicidade, e não me perdoaria se a destruisse. Não sei se lhe mereço, não agora, nesse meu momento de luta e fraquesa no que diz respeito ao amor.  Você merecia alguém que lhe fizesse sorrir e lhe contasse coisas boas ao fim do dia- não problemas;
Queria muito, muito mesmo retribuir na mesma intensidade esse carinho que sentes por mim, usar aquelas doces palavras que usas, e lhe chamar de 'amor' como me chamas, mas não consigo, perdoe-me!
Só lhe peço que me entenda. Preciso do meu momento, comigo, meus pensamentos, meu choro, com o Espírito Santo, com minhas perguntas, dúvidas, e no fim espero respostas.
Espero um dia poder retribuir-lhe tudo isso, espero conseguir, mas até que esse dia chegue (se chegar) fique com meu humilde pedido de Perdão!

 Eu te amo, mais ainda não consegui entender em que sentido esse amor me consome!